Quando pensamos em novembro, qual é a primeira coisa que vem à cabeça? Aliás, você sabe o que está por trás do dia 17 deste mês? Bom, além da Black Friday, o mês de novembro também serve para conscientizar as pessoas, principalmente os homens, acerca do câncer de próstata. Nesse sentido, adianto que a Inteligência Artificial (IA) pode ser uma mega aliada nesse processo.
Neste mês, o Ministério da Saúde reforça os cuidados com a saúde do homem e incentiva a busca por atendimento nas Unidades Básicas de Saúde. Afinal, muitos não procuram ajuda e evitam sequer realizar o exame de toque – provavelmente todo mundo já deve ter ouvido alguma piadinha desagradável sobre.
Em suma, o Novembro Azul é uma campanha que visa conscientizar sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Esse é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens. A campanha teve origem na Austrália em 2003 e é reproduzida no Brasil desde 2008. O dia mundial de combate ao câncer de próstata é no dia 17 de novembro.
Neste artigo iremos abordar a tecnologia da IA enquanto possível aliada tanto na prevenção quanto no tratamento da doença. Portanto, vamos seguir para descobrir como a inteligência artificial impacta e impulsiona praticamente todos os aspectos do Novembro Azul.
Prevenção
A prevenção é uma das formas mais eficazes de combater o câncer de próstata, pois permite identificar os fatores de risco e as alterações na próstata antes que se tornem malignas. A prevenção envolve hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física regular, controle do peso, redução do consumo de álcool e tabaco, etc., bem como consultas regulares com o urologista e exames preventivos, como o toque retal e o exame de sangue do PSA (antígeno prostático específico) .
Inteligência Artificial na prevenção
Enquanto prevenção, a IA pode ajudar:
- Na análise de dados genéticos, ambientais e comportamentais que podem indicar o risco de desenvolver câncer de próstata, bem como na orientação personalizada dos homens sobre os cuidados com a saúde e os exames preventivos.
- Na telemedicina, que facilita o acesso a consultas com profissionais de saúde que podem orientar os homens sobre a saúde da próstata e os fatores de risco para o câncer. A telemedicina também permite o acompanhamento remoto dos pacientes, a troca de informações entre médicos e a emissão de laudos e receitas digitais.
- Na criação de plataformas que avaliam a predisposição genética para o desenvolvimento da doença entre gerações, o que pode ajudar na tomada de decisão sobre os exames preventivos. Essas plataformas podem usar algoritmos de aprendizado de máquina para analisar o DNA dos usuários e fornecer relatórios sobre o risco de câncer de próstata e outras doenças hereditárias.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de próstata é um processo que envolve vários exames e avaliações médicas. Os principais exames para detectar o câncer de próstata são:
- PSA (exame de sangue): mede a quantidade de uma proteína chamada antígeno prostático específico, que é produzida pela próstata. Níveis elevados de PSA podem indicar a presença de câncer ou outras condições benignas da próstata.
- Exame de toque retal: consiste na introdução de um dedo lubrificado e enluvado no ânus do paciente, para palpar a próstata e verificar se há alterações no seu tamanho, forma ou consistência. Esse exame pode detectar tumores em estágios iniciais, mas não é capaz de confirmar o diagnóstico sozinho.
- Ultrassom: usa ondas sonoras para criar imagens da próstata e dos tecidos ao redor. Pode ser feito por via abdominal, colocando um aparelho sobre a barriga do paciente, ou por via transretal, introduzindo uma sonda no ânus do paciente. O ultrassom pode ajudar a localizar e medir o tumor, mas também não é suficiente para confirmar o diagnóstico.
- Biópsia: é o único exame que pode confirmar o diagnóstico de câncer de próstata, pois consiste na retirada de pequenos fragmentos da próstata para análise microscópica. A biópsia é feita com uma agulha fina, guiada por ultrassom transretal, que perfura a parede do reto e coleta as amostras de tecido prostático. A biópsia também permite classificar o grau de agressividade do tumor, usando a escala de Gleason.
Esses exames podem ser solicitados pelo médico quando há suspeita de câncer de próstata, baseada nos resultados dos exames de rastreamento (PSA e toque retal), nos sintomas do paciente ou em fatores de risco, como idade, histórico familiar e etnia. O diagnóstico precoce do câncer de próstata possibilita melhores resultados no tratamento, pois aumenta as chances de cura e reduz os riscos de complicações.
Diagnósticos com inteligência artificial
- Na melhoria da precisão e da rapidez dos exames de imagem, como a ressonância magnética, que podem detectar tumores em estágios iniciais e avaliar o grau de agressividade do câncer. A inteligência artificial usa técnicas de processamento de imagem e visão computacional para analisar as imagens e identificar anomalias, lesões, contornos, volumes, etc., com mais eficiência e confiabilidade do que os métodos tradicionais.
- No auxílio da interpretação dos resultados dos exames de sangue, como o PSA, que podem indicar alterações na próstata. A inteligência artificial pode usar técnicas de aprendizado de máquina e mineração de dados para analisar os níveis de PSA e outros biomarcadores, e correlacioná-los com outros fatores, como idade, etnia, histórico familiar, para estimar o risco de câncer de próstata e a necessidade de biópsia.
- Na criação de exames tecnológicos que permitem detectar o câncer de próstata em estágios iniciais e avaliar o grau de agressividade do tumor, como o Oncotype DX, que analisa 17 genes relacionados à doença, e o Painel Câncer de Próstata Hereditário, que analisa 19 genes do DNA. Esses exames podem complementar os métodos tradicionais, como o toque retal e o exame de sangue do PSA, e fornecer informações mais precisas e personalizadas sobre o prognóstico e o tratamento do câncer de próstata.
Tratamento
O tratamento do câncer de próstata depende do estágio, do tipo, do tamanho e da localização do tumor, bem como da idade, da saúde geral e da preferência do paciente. Os principais tipos de tratamento são:
Cirurgia:
Corresponde a remoção total ou parcial da próstata e dos tecidos adjacentes, como as vesículas seminais, os linfonodos e a bexiga. A cirurgia pode ser feita por via aberta, laparoscópica ou robótica, e pode causar efeitos colaterais, como incontinência urinária, disfunção erétil, infecção, sangramento, etc…
Radioterapia:
Consiste na aplicação de radiação ionizante sobre o tumor, para destruir as células cancerígenas e impedir seu crescimento. A radioterapia pode ser feita por via externa, com um aparelho que emite raios X ou gama, ou por via interna, com a implantação de sementes radioativas na próstata. A radioterapia pode causar efeitos colaterais, como irritação na pele, fadiga, diarreia, incontinência urinária, disfunção erétil, etc…
Quimioterapia:
Consiste na administração de medicamentos que atuam no ciclo celular, impedindo a divisão e a multiplicação das células cancerígenas. A quimioterapia pode ser feita por via oral, intravenosa, intramuscular ou subcutânea, e pode causar efeitos colaterais, como náusea, vômito, perda de cabelo, anemia, infecção, etc…
Hormonioterapia:
Seria a redução ou bloqueio dos níveis de testosterona, que é o hormônio que estimula o crescimento das células da próstata. A hormonioterapia pode ser feita por medicação oral, injeção, implante ou cirurgia. A hormonioterapia pode causar efeitos colaterais, como perda de libido, impotência, aumento das mamas, osteoporose, etc…
Imunoterapia:
É a estimulação do sistema imunológico do paciente, para que ele reconheça e combata as células cancerígenas. A imunoterapia pode ser feita por meio de vacinas, anticorpos, células modificadas, etc., e pode causar efeitos colaterais, como febre, calafrios, dor, fadiga, alergia, etc…
O tratamento do câncer de próstata pode ser feito de forma isolada ou combinada, dependendo do caso. O objetivo do tratamento é eliminar o tumor, controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida do paciente.
Processo de tratamento com inteligência artificial
A IA contribui para o tratamento do câncer de próstata de várias formas, como:
Na escolha da melhor terapia para cada paciente, baseada em evidências científicas e em dados clínicos, genéticos e moleculares. A inteligência artificial pode usar técnicas de aprendizado de máquina e análise de dados para comparar os resultados de diferentes tratamentos, considerando as características individuais de cada paciente, e fornecer recomendações personalizadas e otimizadas.
Na facilitação dos procedimentos cirúrgicos, que podem ser menos invasivos e mais precisos, como a laparoscopia e a cirurgia robótica, que reduzem os riscos de complicações e o tempo de recuperação dos pacientes. A inteligência artificial pode usar técnicas de robótica, visão computacional e controle de movimento para auxiliar os cirurgiões na realização das operações, com mais segurança e eficiência.
No monitoramento dos efeitos do tratamento e na detecção precoce de possíveis recidivas ou metástases. A inteligência artificial pode usar técnicas de processamento de imagem, reconhecimento de padrões e análise de dados para acompanhar a evolução do tumor, a resposta do paciente ao tratamento, os sinais de alerta e as alterações no organismo, e alertar os médicos e os pacientes sobre qualquer anormalidade.
Educação
A educação é uma das formas mais importantes de conscientizar os homens sobre a saúde da próstata e o câncer, que é uma doença silenciosa, que pode não apresentar sintomas até fases avançadas. A educação envolve a disseminação de informações confiáveis, atualizadas e acessíveis sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer de próstata, bem como a desmistificação de mitos, tabus e preconceitos que podem afetar a busca por atendimento médico.
Educando com inteligência artificial
A IA é capaz de criar conteúdos informativos e interativos sobre a saúde da próstata, como:
- Vídeos: podem usar técnicas de animação, edição, narração, legendagem, etc., para explicar de forma didática e atraente os conceitos, os dados, os procedimentos, os depoimentos, etc., relacionados ao câncer de próstata. Os vídeos podem ser adaptados ao público-alvo, ao canal de distribuição, ao tempo de duração, etc., e podem ser avaliados pela audiência, pelo engajamento, pelo feedback, etc…
- Jogos: podem usar técnicas de gamificação, simulação e realidade virtual para criar experiências lúdicas e imersivas que envolvam os usuários na aprendizagem sobre o câncer de próstata. Os jogos englobam diferentes níveis de dificuldade, desafios, recompensas, etc. Assim, avaliados pelo desempenho, pela diversão, pela satisfação e etc.
- Quizzes: podem usar técnicas de geração de perguntas, múltipla escolha, feedback, pontuação, etc., para testar o conhecimento dos usuários sobre o câncer de próstata. Os quizzes suportam diferentes temas, categorias, formatos. Com isso, eles acabam avaliados pela precisão, rapidez e dificuldade.
- Podcasts: podem usar técnicas de gravação, edição, transcrição, distribuição, etc., para criar conteúdos em áudio que abordem os aspectos relevantes sobre o câncer de próstata. Os podcasts suportam diferentes gêneros, durações, convidados, etc. Assim, eles acabam avaliados pela audiência, pelo engajamento, pelo feedback.
Sobretudo, a ideia é que os conteúdos acabem personalizados de acordo com o perfil, o interesse e o nível de conhecimento do usuário. O acesso por meio de plataformas digitais, como aplicativos, sites e redes sociais também é importante A inteligência artificial também pode monitorar o engajamento, o aprendizado e o feedback dos usuários, e para gerar relatórios e recomendações para melhorar as estratégias educacionais.
Pesquisa
A pesquisa é uma das formas mais essenciais de avançar o conhecimento e a inovação na área do câncer de próstata. Já que permite descobrir novas causas, mecanismos, biomarcadores, tratamentos, etc., que podem melhorar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da doença. Contudo, a pesquisa envolve a coleta, o armazenamento, o processamento, a análise e a divulgação de dados científicos sobre o câncer de próstata, que podem ser provenientes de diversas fontes, como bancos de dados públicos, artigos científicos, ensaios clínicos, etc.
Pesquisas com inteligência artificial
A IA consegue analisar grandes volumes de dados científicos sobre o câncer de próstata, como:
- Genômicos: referem-se aos dados sobre o DNA, o RNA, as proteínas, os genes, os cromossomos, etc., que podem influenciar o desenvolvimento, a progressão e a resposta ao tratamento do câncer de próstata. A inteligência artificial pode usar técnicas de bioinformática, sequenciamento, alinhamento, anotação, etc., para identificar mutações, variações, expressões, interações, etc., que podem estar associadas ao câncer de próstata.
- Proteômicos: referem-se aos dados sobre as proteínas, as enzimas, os anticorpos, os receptores, etc., que podem participar dos processos biológicos relacionados ao câncer de próstata. A inteligência artificial pode usar técnicas de espectrometria de massa, eletroforese, microarranjos, etc., para identificar estruturas, funções, modificações, interações, etc., que podem estar envolvidas no câncer de próstata.
Comunicação
A comunicação é uma das formas mais essenciais de divulgar e sensibilizar os homens sobre a campanha do Novembro Azul. Aliás, qual melhor forma de conscientizar as pessoas senão por meio de conversas? Porém, a comunicação é um pouco mais ampla. Isto é, envolve a criação e a difusão de campanhas, mensagens, materiais e etc. Ademais, eles precisam ser informativos, persuasivos, emocionais e alcançar o público-alvo de forma efetiva, eficiente e ética.
Confira um exemplo:
Este vídeo do Portas dos Fundos é bem importante. Embora tenha um ar humorístico, a abordagem mais sincera se destaca. Sem contar que a escolha do ator Antônio Fagundes e a decisão dos bordões contribuem para o que conteúdo viralize e atinja, de fato, os devidos públicos.
Inteligência artificial na comunicação
A inteligência artificial consegue criar campanhas de comunicação sobre o Novembro Azul, usando técnicas de marketing digital, como:
Segmentação:
Consiste em dividir o público-alvo em grupos menores, com características, necessidades, interesses, comportamentos, etc., semelhantes, e que possam responder de forma diferente às campanhas. A IA usa técnicas de análise de dados, de clusterização, de classificação e etc para identificar e definir os segmentos de mercado. Além disso, a tecnologia ajuda a direcionar as campanhas para cada um deles.
Personalização:
Isto é, adaptar as campanhas às preferências, gostos, e hábitos de cada indivíduo ou grupo. Visando, assim, aumentar a relevância, a satisfação e fidelização dos usuários. A inteligência artificial usa técnicas de aprendizado de máquina, de recomendação, de personalização para criar campanhas personalizadas. Dessa forma, as campanhas se ajustam ao perfil, ao contexto e ao momento de cada usuário.
Otimização:
Melhorar o desempenho, retorno e a eficácia, das campanhas, por meio de testes, análises e ajustes que maximizam os resultados e minimizam os custos. Nesse sentido, a IA usa técnicas de otimização, experimentação, de análise preditiva para criar campanhas otimizadas. As campanhas se baseiam em dados, evidências e em feedbacks para tomar as melhores decisões.
Em última análise…
Decerto, a inteligência artificial impacta o Novembro Azul. Neste artigo, vimos como a IA ajuda em muitos aspectos na luta contra o câncer de próstata. Afinal, a tecnologia é aplicável na prevenção, no diagnóstico e no tratamento do câncer de próstata, bem como na educação, na pesquisa e na comunicação.
Sobretudo, lembre-se de que o câncer de próstata é uma doença silenciosa, que pode não apresentar sintomas até fases avançadas. Entretanto, a doença pode ser curada se detectada precocemente. Por isso, é fundamental que os homens façam consultas regulares com o urologista e realizem os exames preventivos conforme a orientação médica.
Enfim, o Novembro Azul promove a saúde do homem e combate o câncer de próstata, e a IA é uma tecnologia que auxilia nessa missão. Juntos, podemos fazer a diferença, de fato!