O Brasil é um país com grandes desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável, que envolve a integração das dimensões ambiental, social e econômica. Nesse contexto, três conceitos se destacam como tendências e caminhos para o futuro: ESG, combustível sustentável e energia limpa.
Neste artigo, iremos nos aprofundar em cada um deles para entender o possível futuro de cada um desses mercados sustentáveis no território nacional. Enfim, vamos seguir.
O que é ESG?
ESG é uma sigla em inglês que significa ambiental, social e governança, e corresponde às práticas dessas áreas em uma organização. O termo surgiu em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins.
O ESG é uma forma de avaliar o desempenho e o impacto das empresas em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança, considerados fatores críticos para o sucesso e a perenidade dos negócios. O ESG também é um critério de decisão para os investidores, que buscam alocar seus recursos em empresas que sejam responsáveis e sustentáveis.
Os aspectos ambientais se referem à forma como as empresas lidam com os recursos naturais. Isto é, a emissão de gases de efeito estufa, a gestão de resíduos, a preservação da biodiversidade, entre outros. Já os aspectos sociais se referem à forma como as empresas tratam seus funcionários, clientes, fornecedores, comunidades, entre outros. Os aspectos de governança se referem à forma como as empresas conduzem seus negócios, com ética, transparência, participação, combate à corrupção, entre outros.
O que é combustível sustentável?
Combustível sustentável tem sua produção a partir de fontes renováveis, que reduzem as emissões de gases de efeito estufa e a dependência de combustíveis fósseis. Existem vários tipos de combustível sustentável, como o etanol, o biodiesel, o biometano e o biocombustível de aviação.
O etanol é um biocombustível obtido a partir da fermentação de açúcares presentes em plantas como a cana-de-açúcar e o milho. O etanol pode ser usado puro ou misturado à gasolina em diferentes proporções, variando de 18% a 27,5%, conforme a legislação vigente.
O biodiesel é outro biocombustível que é produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais, que são transesterificados com um álcool, como o metanol ou o etanol. O biodiesel pode ser usado puro ou misturado ao diesel de petróleo em proporções variáveis, que atualmente são de 13%.
O biometano é um combustível sustentável que pode substituir o gás natural, o diesel e a gasolina. Aliás, sua produção acontece a partir da purificação do biogás, gerado pela decomposição de matéria orgânica, como resíduos de animais, de cozinha, esgoto, entre outros. O biometano tem as mesmas aplicações que o gás natural, porém, ele é mais limpo e renovável.
O biocombustível de aviação é um combustível sustentável que contempla em aeronaves comerciais, reduzindo as emissões de CO2 e outros poluentes. Aliás, sua produção acontece a partir de diversas matérias-primas, como cana-de-açúcar, soja, palma, pinhão-manso, entre outras. O biocombustível de aviação tem as mesmas especificações que o querosene de aviação, mas é considerado mais sustentável.
O que é energia limpa?
A energia limpa tem sua produção a partir de fontes renováveis, que não emitem gases de efeito estufa ou poluem o meio ambiente. O Brasil é um dos países com maior participação de energia limpa na matriz elétrica, chegando a quase 50% em 2020. A maior parte dessa energia vem de usinas hidrelétricas, mas as fontes eólica, solar e biomassa também têm crescido nos últimos anos.
Energia hidrelétrica
A energia hidrelétrica é uma forma de gerar eletricidade a partir da força da água, que é um recurso natural renovável. A energia hidrelétrica tem um baixo custo de produção, uma alta capacidade de geração e permite o controle do fluxo de água. No entanto, a energia hidrelétrica também provoca um grande impacto ambiental, alterando o ecossistema e a biodiversidade do local de construção da usina. Além disso, a energia hidrelétrica depende das condições climáticas, podendo sofrer com a escassez de água em períodos de seca.
Energia eólica
A energia eólica é uma forma de gerar eletricidade a partir do vento, que é um recurso natural renovável e abundante. A energia eólica é uma fonte de energia limpa, que não emite poluentes nem contribui para o efeito estufa. No entanto, a energia eólica também tem algumas desvantagens, como a variabilidade do vento, que depende das condições climáticas, o ruído e o impacto visual das turbinas eólicas, e o custo de instalação e manutenção dos equipamentos.
Energia solar
A energia solar é uma forma de gerar eletricidade a partir do sol, que é um recurso natural renovável e inesgotável. A energia solar é uma fonte de energia limpa, que não emite poluentes nem contribui para o efeito estufa. Além disso, a energia solar tem algumas vantagens, como a possibilidade de geração distribuída, que permite que os consumidores produzam sua própria energia e reduzam sua dependência da rede elétrica, e a redução dos custos dos painéis solares, que tornam a energia solar mais acessível. No entanto, a energia solar também tem alguns desafios, como a variabilidade da radiação solar, que depende das condições climáticas, o espaço necessário para a instalação dos painéis solares, e a necessidade de armazenamento da energia gerada.
Energia da biomassa
A energia da biomassa é uma forma de gerar eletricidade a partir de materiais orgânicos, como resíduos agrícolas, florestais, urbanos ou animais. A energia da biomassa é uma fonte de energia renovável e que aproveita recursos normalmente descartados. No entanto, a energia da biomassa também pode emitir poluentes e competir com a produção de alimentos, dependendo da matéria-prima utilizada.
Qual é o futuro desses conceitos no Brasil?
O futuro desses conceitos no Brasil depende de vários fatores, como a demanda, a oferta, o preço, a tecnologia, a política e a regulação. No entanto, é possível identificar algumas tendências e desafios para cada um deles.
Futuro da ESG
O mercado de ESG no Brasil ainda está nos primeiros passos, mas é uma tendência cada vez mais concreta e um caminho sem volta. Investidores locais e internacionais estão cada vez mais interessados em aportar nas empresas que incorporam ações alinhadas a ESG em suas cadeias produtivas. Segundo um estudo da Rede Brasil do Pacto Global e da Stilingue, as empresas brasileiras que se destacam na adoção de práticas sustentáveis são: Natura, Itaú, Ambev, Magazine Luiza e Vale.
O futuro do mercado de ESG no Brasil depende de vários fatores, como o comprometimento das empresas, o engajamento dos consumidores, a regulação do governo e a pressão dos investidores. Mas é certo que o ESG veio para ficar e que as empresas que não se adaptarem a essa realidade terão dificuldades de competir e se manter no mercado.
Futuro do combustível sustentável
O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e no uso de biocombustíveis, especialmente o etanol, obtido a partir da cana-de-açúcar e do milho. Em 2020, o Brasil produziu cerca de 34 bilhões de litros de etanol, sendo o maior produtor do mundo a partir da cana-de-açúcar. O etanol brasileiro é um dos mais eficientes e sustentáveis do mundo, pois tem um balanço energético positivo, ou seja, gera mais energia do que consome, e reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa em relação à gasolina.
Aliás, o biocombustível pode ser usado puro ou misturado à gasolina em diferentes proporções, variando de 18% a 27,5%, conforme a legislação vigente. O etanol tem algumas vantagens, como a diversificação da matriz energética, o aproveitamento dos recursos naturais disponíveis, a geração de emprego e renda, e a contribuição para a segurança energética. No entanto, o etanol também tem alguns desafios, como a variabilidade da produção e do preço, que dependem das condições climáticas e do mercado, a necessidade de ampliar e modernizar a infraestrutura de produção e distribuição, e a concorrência com outros biocombustíveis, como o biodiesel e o biometano.
O futuro do etanol no Brasil depende de vários fatores, como a demanda, a oferta, a tecnologia, a política e a regulação. No entanto, é possível identificar algumas tendências e oportunidades para o setor, como o aumento da eficiência e da produtividade, a diversificação das matérias-primas, a integração com outras fontes de energia, como a biomassa e a eletricidade, e a expansão para novos mercados, como o de aviação. O etanol é um biocombustível que tem um papel importante na transição energética e na descarbonização da matriz de transportes, e que pode contribuir para o desenvolvimento sustentável do Brasil e do mundo.
Futuro da energia limpa
O futuro do mercado de energia limpa no Brasil é promissor. Afinal, o país tem um grande potencial para explorar essas fontes e reduzir sua dependência de combustíveis fósseis. O governo brasileiro tem tomado algumas medidas para incentivar a geração de energia limpa. Como o programa RenovaBio, que estabelece metas de redução de emissões para os distribuidores de combustíveis. O projeto Combustível do Futuro, que prevê novos limites de mistura de etanol à gasolina, a captura e estocagem de CO2. Aliás também existe o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação e o Programa Nacional do Diesel Verde.
Além disso, o Brasil tem atraído investimentos privados para a expansão da capacidade de geração de energia limpa, especialmente nas regiões Nordeste e Norte, onde há maior disponibilidade de vento e sol. Em 2023, o Brasil registrou a maior produção de energia limpa dos últimos 12 anos, com mais de 90% da energia gerada a partir de fontes renováveis no primeiro trimestre. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Brasil quer ser referência mundial em energia renovável e que vai aproveitar as suas potencialidades para garantir a segurança, a qualidade e a modicidade tarifária da energia elétrica no país.
O mercado de energia limpa no Brasil também enfrenta alguns desafios, como a variabilidade das fontes renováveis, que dependem das condições climáticas, a necessidade de ampliar e modernizar a infraestrutura de transmissão e distribuição de energia, a regulação e a fiscalização do setor elétrico, e a conscientização e a educação dos consumidores sobre os benefícios da energia limpa. Para superar esses desafios, o Brasil conta com a colaboração de empresas, instituições de pesquisa, organizações não governamentais e sociedade civil, que buscam soluções inovadoras e sustentáveis para o desenvolvimento do mercado de energia limpa no país.
Futuro sustentável em última análise…
O Brasil é um país com grandes oportunidades e desafios para o desenvolvimento sustentável, que requer a integração das dimensões ambiental, social e econômica. Nesse sentido, os conceitos de ESG, combustível sustentável e energia limpa se destacam como tendências e caminhos para o futuro. Afinal, representam formas de reduzir os impactos ambientais e sociais das atividades econômicas, ao mesmo tempo em que geram valor e competitividade para as empresas e para o país.
O futuro desses conceitos no Brasil depende de vários fatores, como a demanda, a oferta, o preço, a tecnologia, a política e a regulação. Mas é certo que eles vieram para ficar e que as empresas e o país que não se adaptarem a essa realidade terão dificuldades de competir e se manter no mercado. Por isso, é preciso que todos os setores da sociedade se engajem e colaborem para promover o desenvolvimento sustentável no Brasil, que é um desafio e uma oportunidade para o país se tornar mais justo, próspero e sustentável.