Na sociedade contemporânea, uma tecnologia que vem revolucionando de forma disruptiva diversos setores da economia é o Blockchain. Sendo assim, um dos mercados que busca formas de adotar e se beneficiar dessa ferramenta é o imobiliário.
Nesse sentido, o Blockchain pode ser uma maneira de enfrentar as adversidades do mercado econômico brasileiro. Esses problemas que influenciam as negociações, como por exemplo, a inflação persistente, as altas taxas de juros e um ambiente de negócios complexo, precisam ser superados.
Desse modo, é importante entender o que é e como funciona a tecnologia desse sistema e como o comércio de imóveis está tentando implementá-lo para usufruir de seus benefícios.
O que é a tecnologia do blockchain?
Primeiramente, antes de mergulharmos em possíveis aplicações do Blockchain no mercado imobiliário, precisamos compreender o que é essa tecnologia. Basicamente, essa ferramenta consiste em um sistema descentralizado de registro de transações. O Blockchain utiliza uma rede de computadores interconectados para armazenar e validar essas informações de forma segura e transparente. Sendo assim, blocos interligados registrarão cada movimentação, formando uma cadeia imutável de dados.
Essa natureza descentralizada e distribuída é uma das características mais marcantes do Blockchain. Isso significa que não há uma autoridade central controlando o sistema, tornando-o mais resistente a fraudes e manipulações. Da mesma forma, a transparência e a imutabilidade dos registros garantem que todas as informações registradas na cadeia de blocos sejam confiáveis.
O exemplo mais famoso do uso e do sucesso desse sistema atualmente é o mercado das criptomoedas. A mais famosa delas, o Bitcoin, tem suas movimentações e mineração baseados no sistema Blockchain. Assim como se pensa para o mercado imobiliário, a aplicação dessa ferramenta no setor das moedas digitais garante que todas as obtenções e negociações sejam transparentes e confiáveis para todos os envolvidos na área.
Como o blockchain pode ser aplicado no mercado imobiliário
Logo que entendemos o funcionamento de um sistema de Blockchain, devemos pensar como ele pode e está sendo aplicado no setor de imóveis. O Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) promete modernizar e trazer mais eficiências para os processos imobiliários. Além disso, tem como objetivo auxiliar no processo de adoção ampla do Real Digital (Drex), a moeda digital do Banco Central do Brasil.
Entenda um pouco sobre o Drex
Basicamente, o Drex é o real, moeda brasileira oficial, em formato digital. Ele tem o mesmo valor e a mesma aceitação do ativo tradicional e é regulado e emitido somente pelo Banco Central, através de sua plataforma. Sendo assim, o órgão garante que o modelo virtual terá as mesmas garantias e segurança do real tradicional. Por fim, ainda se faz necessário o uso de um banco para que o cidadão consiga movimentá-lo.
A partir da invenção desse ativo digital, o Banco Central busca pavimentar o caminho da inclusão, eficiência e segurança em transações financeiras digitais. Isso será possível, segundo a instituição, pois contratos inteligentes farão a orientação dos serviços com a moeda. Sendo assim, a transação se conclui somente quando ambos os lados cumprirem com suas obrigações.
Drex e Blockchain para o mercado imobiliário
Portanto, depois do entendimento do que é o Drex, podemos conectar essa tecnologia ao sistema de Blockchain no mercado imobiliário. A iniciativa pioneira do COFECI, que busca tornar obrigatório o registro de contratos de corretagem imobiliária em Blockchain (através do real digital), representa um caminhar significativo rumo à digitalização do setor.
Ao migrar os contratos para o modelo inteligente proposto pelo Banco Central, executado inteiramente em uma rede de Blockchain, o Conselho abre um leque de possibilidades para integração futura do setor com o sistema tecnológico.
Primeiros passos
Há alguns anos, já estamos vendo passos nessa direção. Em 2019, a startup Growth Tech realizou a primeira escritura de compra e venda de imóvel registrada via Blockchain no Brasil. Ainda no mesmo ano, a empresa conduziu a primeira incorporação imobiliária usando o sistema e também o primeiro registro de compra e venda de imóveis usando a ferramenta. A transação foi realizada com a RKM Engenharia, construtora de imóveis residenciais em Minas Gerais.
Desse modo, essas iniciativas pioneiras abrem os horizontes para que adote de forma mais ampla o Blockchain no mercado imobiliário. Além disso, demonstra o potencial que pode ser obtido a partir da colaboração entre os setores público e privado.
Benefícios do uso de Blockchain no setor de imóveis
Após entendermos como o Blockchain pode e vem sendo implementado no mercado imobiliário, podemos explorar alguns dos benefícios obtidos a partir dessa realidade.
Em um mundo onde a compra e venda de imóveis possa ser realizada de forma programável, se tem também mais confiança e segurança para as partes envolvidas. Sendo assim, os corretores terão um sistema robusto para registrar as operações, algo que facilita a fiscalização e reduz a burocracia.
Essas características se devem ao fato de que em um sistema Blockchain, temos transparência e imutabilidade dos registros. Desse modo, é garantida a integridade das informações, o que faz com que os riscos de fraudes e litígios sejam consideravelmente reduzidos.
Além disso, a automatização dos processos do setor de imóveis por meio de contratos inteligentes simplifica e agiliza as transações imobiliárias. Desse modo, elimina-se a necessidade de intermediários , assim como se reduz os custos operacionais. Isso torna o mercado mais eficiente e acessível, algo que beneficia tanto compradores quanto vendedores.
Por fim, é interessante também para as autoridades de fiscalização, como por exemplo a Receita Federal, que um sistema imutável e transparente registre todas as movimentações. Quando se fizerem necessárias consultas de dados para esses órgãos, poderão acessar facilmente esses dados e ter certeza que os mesmos possuem credibilidade.
Desafios a serem superados
Apesar do potencial transformador por trás do processo de implementação do Blockchain no mercado imobiliário, ele enfrenta alguns desafios. Um dos principais é a questão regulatória, uma vez que todo o sistema deve respeitar leis estabelecidas, a fim de caminhar para o reconhecimento das transações feitas através da ferramenta.
Da mesma forma, é preciso compreender questões relacionadas à segurança e privacidade dos dados, garantindo proteção de maneira adequada às informações dos usuários. Além disso, todo o processo deve estar em concordância com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), algo fundamental para sua correta utilização.
Outro desafio é a adoção e a interoperabilidade entre diferentes plataformas de Blockchain, uma vez que existem várias redes e protocolos em operação. Em outras palavras, é necessário estabelecer padrões e protocolos comuns visando facilitar a integração e a comunicação entre elas.
Por fim…
Em suma, é perceptível que o Blockchain promete revolucionar o mercado imobiliário, pois oferece uma série de benefícios em termos de segurança, eficiência e acessibilidade. Entretanto, para a realização total desse potencial, é necessário superar diversos desafios técnicos, regulatórios e operacionais.